A morte do fisiculturista Wanderson da Silva Moreira, de 30 anos, durante uma competição em Campo Grande (MS), no sábado (10.mai.25), levantou um sinal de alerta sobre os riscos à saúde envolvidos na modalidade.
Wanderson passou mal momentos antes de subir ao palco do evento Pantanal Contest, realizado em um clube no bairro Jardim Autonomista.
Segundo o boletim de ocorrência, ele sofreu uma parada cardiorrespiratória e recebeu atendimento imediato de socorristas e do Samu, mas não resistiu.
A equipe médica realizou manobras de reanimação por mais de uma hora, incluindo massagem cardíaca, medicações e intubação.
Mesmo após o ocorrido, o evento continuou normalmente.
O fisiculturista participava de sua terceira competição consecutiva e, conforme relato de um amigo à polícia, tinha hipertensão.
Nas redes sociais, a organização do Pantanal Contest lamentou a morte e destacou a rápida atuação da equipe de emergência presente no local.
Wanderson deixa esposa e filhos.
O caso reacendeu o debate sobre os limites impostos aos atletas e os métodos extremos adotados em busca da definição muscular ideal.
Em vídeo publicado antes da competição, um dos organizadores usou a expressão “bomba de sódio” ao orientar os atletas sobre a preparação final.
A técnica consiste em aumentar o consumo de sódio e reduzir drasticamente a ingestão de água, visando maior vascularização e aparência “seca” no palco.
Segundo o presidente da Federação de Culturismo e Fitness de MS (IFBB-MS), Amado Moura, essa prática é comum, mas exige cuidado.
Especialistas alertam que o método pode causar desequilíbrios eletrolíticos e sobrecarregar os rins, com risco de arritmias e até morte súbita.
“O corpo não foi feito para alterações tão bruscas. Mesmo sem doenças pré-existentes, o risco é real”, afirma o médico do esporte Vitor Moreira.
Além disso, o uso de anabolizantes e medicamentos não indicados para fins esportivos também preocupa.
De acordo com Moreira, substâncias como hormônios e broncodilatadores são amplamente utilizadas para definição e queima de gordura.
Os efeitos colaterais afetam a pele, a voz, o fígado e, principalmente, o coração.
“Essas drogas aumentam a pressão arterial, alteram o colesterol e podem provocar tromboses, infartos e AVCs”, diz o médico.
Ele destaca que, embora existam categorias “naturais” no fisiculturismo, com testes antidoping, poucas competições realizam esse controle.
A Pantanal Contest, segundo a IFBB-MS, não possui credenciamento da federação estadual.
Sem vínculo oficial, não há garantias de que protocolos de segurança e saúde estejam sendo seguidos.
A morte de Wanderson expõe a necessidade de uma regulamentação mais rígida no fisiculturismo.
Profissionais da área defendem exames médicos atualizados, controle antidoping e acompanhamento profissional obrigatório.
O caso reforça que a estética não pode se sobrepor à saúde.
E que o esporte, quando praticado de forma extrema e sem fiscalização, pode cobrar um preço alto demais.